segunda-feira, 9 de julho de 2012

'' CUIDE DE SEU REBANHO ''

'' O bom pastor cuida do seu rebanho''



Eu quero um pastor que seja comprometido com a Palavra de Deus, colocando-a acima
de qualquer interesse.
Quero um pastor que me ensine como ser ovelha, e se comprometa para o meu crescimento, e que não me deixe desamparado em um momento de tristeza.
Quero um pasotr que me puxe as orelhas no intimo de uma conversa à dois, e não na frente do rebanho, para que ela se sinta humilhada e julgada.

Quero um pastor sério, honesto, manso, mas que saiba se conduzir e ao seu rebanho no Caminho da Verdade.

Quero um pastor que não ceda às heresias e à apostasia com interesses outros. Um pastor que não tenha como rumo o crescimento da "igreja" tão somente.

Quero um pastor que ainda creia que a Bíblia é a única Palavra de Deus, e que não fique inebriado com as tantas profecias humanas...

Imagino um pastor que jamais faça da sua igreja um circo, e dos irmãos o seu "público cativo".

Ainda sonho com um pastor que não alimente o espalhafato, que não faça do culto um "Show gospel".

Ouso ainda vislumbrar o pastor como líder pacífico, como homem espiritual, que não se confunde com "espírita"...

Um pastor que queira um rebanho de crentes, e não "crentes arrebanhados".

Ainda penso que haja o pastor que creia em uma igreja de salvos, mesmo pequena, com 10, 20, 30 membros, e que não considere o "crescimento" como condição comprovada de espiritualidade.

Oh, como eu quero um pastor preocupado com o rebanho! Que olhe para a ovelha com amor, que lhe ouça demoradamente, que compartilhe com ela os momentos de dor e felicidade. Um pastor que vá até a ovelha, que busque-a, que a conforte.


Eu gostaria de um pastor que visse os crentes como um todo, e não com preferências "sutis". Um pastor que não alimente facções e contendas.
Quero um pastor que não seja irado, que não lhe saia o sangue do rosto por qualquer motivo; que não seja ressentido, vingativo, mau!

Quero um pastor que não seja bom de aritmética, que não some os membros da igreja,
que não faça considerações de números: " - perdi um mas ganhei dez. Pior pra ele"!

Um pastor que não seja mentiroso, dissimulado, enganador.

Quero um pastor que não fique desfiando desculpas para deixar o irmão sem visita; que não o abandone quando sai contrafeito, que diga a ele do seu amor.
Um pastor que conforte, que dê pão do céu, pão da vida, e não "comida podre"...

Eu quero um pastor que apascente as suas ovelhas, e não que as desarraigue. Um que ame a todas, mesmo aquelas que não concordam com ele, ao invés de odiar as diferentes.

Um pastor que não "lance fora" a ovelha que o Pai celestial lhe deu, mas que a coloque
sob a sua proteção, sob o seu ensino, sob as asas do Pai.

Não quero um pastor herege, apóstata. A "igreja dele não me serve". Prefiro a igreja de Cristo: sem limites físicos, sem paredes, invisível; sem oba-oba, sem falsa espiritualidade, sem "demonstrações de grande fé"; sem ungidões, sem unções, sem cai-cai, sem profecias humanas mentirosas e enganadoras, sem macumba gospel.

Finalmente, quero um pastor que não tenha como preocupação primordial o crescimento
do templo, o inchaço de membros, mas o "seguir e pregar a Palavra", o compromisso inarredável com a Verdade.

Esse , com o qual sonho, é o bom pastor.


segunda-feira, 2 de julho de 2012

FESTAS QUE CRISTÃOS PARTICIPAM

Colossenses 2:16-23 – Exegese e Aplicação
de Dennis Downing


Parte I – Introdução e Exegese (Col 2:16-17)
A questão do Cristão participar ou não em certas festas, comemorações e celebrações como Páscoa, Natal, Ano Novo, Pentecostes, Festas Juninas e outras, tem causado polêmica ou controvérsia entre discípulos de Jesus. Alguns se preocupam que, se forem adotadas pela igreja ou se Cristãos nelas participarem, poderiam levar a sérios danos para a vida da igreja e dos seguidores de Jesus. Buscaremos saber até que ponto a igreja pode se envolver dentro dos padrões culturais sem se comprometer espiritualmente. Neste estudo também veremos algumas diretrizes bíblicas em relação a como tratar assuntos que tem o potencial de dividir Cristãos, mas, que, por sua natureza não envolvem questões centrais da fé Cristã.
Na nossa abordagem pretendemos analisar esta questão em duas partes. Primeiramente, analisaremos como foram tratadas as questões de festas, celebrações, comemorações, e etc. no NT. Nesta parte tentaremos responder a dúvidas como:
1. Os primeiros Cristãos comemoraram ou guardaram algumas datas ou festas específicas?
2. A Bíblia condena claramente datas especiais ou comemorações dentro da igreja local, ou na vida pessoal do Cristão?
3. A Bíblia nos dá uma luz ou alguns princípios em relação à comemoração de datas ou celebrações no calendário da igreja?
4. Como foi tratada a questão de diferença de opinião ou de questões de consciência quanto a festas, comemorações, etc.?
Na segunda parte vamos tentar aplicar os fundamentos bíblicos à nossa realidade atual. Tentaremos lançar alguns princípios sobre como podem ser resolvidos diferenças entre os irmãos em relação à questão de celebrações, comemorações e datas especiais dentro da igreja e no nível particular entre os irmãos. Procuraremos responder às seguintes dúvidas:
1. Existe alguma proibição bíblica que impede alguma congregação ou o Cristão em particular de comemorar ou guardar datas como Páscoa, Natal, Ano Novo, etc.
2. Como deve ser tratada a questão de festas ou comemorações que alguns gostariam de comemorar e outros não?
3. Como devemos lidar com controvérsias a respeito de datas especiais na igreja?
4. Qual o tratamento ou comportamento adequado quando enfrentamos questões de consciência em relação a datas e comemorações especiais?
Para começar, vamos analisar uma passagem em que a questão de guardar ou não certas datas foi tratada diretamente.
Colossenses 2:16-23 - Exegese
Contexto Histórico
O apóstolo Paulo, autor da epístola, provavelmente estava em Roma, entre os anos 60-61 no tempo de seu aprisionamento (Col 4:10, veja também At 28:30; Fil 1:23).[1] Embora não conhecendo a igreja lá (Col. 2:1), Paulo recebeu notícias de Epafras, membro da igreja em Colossos. Epafras possivelmente foi o Cristão ou um dos Cristãos que começaram a igreja em Colossos (Col. 1:7-9; 4:12).
Certas pessoas estavam ensinando e persuadindo os irmãos em Colossos a se submeterem a ordenanças na forma de imposições e proibições que não existem no Evangelho. Estas pessoas não são identificadas pessoalmente. Mas, é provável que foram líderes, pelo menos mestres e professores.[2] Podemos concluir isso baseado nas referências sobre “sabedoria” e “conhecimento” e “raciocínios” (2:3, 4), Estes poderiam ser da igreja em Colossos ou de outras congregações. É grande a possibilidade de que eram líderes de Laodicéia, pois Paulo manda que esta carta seja lida na congregação de lá e que a carta que ele havia enviado para lá seja lida na igreja em Colossos (Col. 4:16).
Contexto Literário
Quatro das últimas obras de Paulo já foram agrupadas como “Epístolas da Prisão”, pois os indícios são fortes de que Paulo já estava preso em Roma, ou pela primeira, ou pela segunda vez. Estas epístolas são: Efésios, Colossenses, Filipenses e Filemom. As mesmas pessoas são mencionadas entre as epístolas (Epafras é mencionado em Colossenses e Filemom, bem como Onésimo é mencionado nas duas epístolas. Timóteo é mencionado em Filipenses, Colossenses e Filemom.). Há também referências à prisão (Efé 3:1; 4:1; Col 4:10; Filemom 1:1, 9) e cadeias (Efé 6:20; Fil 1:7, 13,14,17; Col 4:3; 4:18; Filemom 1:10,13) em todas as quatro obras. Nesta carta, como em Romanos, Gálatas e de certa forma Efésios, Paulo está lidando com problemas de legalismo com fundamento em certas tradições judaicas.
Conteúdo, Ênfase e Introdução
Esta epístola exorta os novos Cristãos em Colossos a continuarem na verdade de Cristo já recebida. Ao mesmo tempo, Paulo alerta os Cristãos contra tradições e crenças religiosas que ameaçam a pureza do Evangelho e a suficiência de Cristo.
A epístola enfatiza a suficiência de Jesus Cristo como filho de Deus e como nosso Salvador. O argumento de Paulo é que preceitos e tradições humanos não têm valor para a santificação ou salvação. Paulo mostra como estas formas de falsa “sabedoria” tentam substituir o papel de Cristo na nossa transformação e salvação. É importante salientar que tanto imposições como proibições baseadas em preceitos humanos ameaçam o fundamento da nossa justificação diante de Deus, que é Jesus Cristo.
No começo da carta, depois das saudações e agradecimento pela fé dos irmãos em Colossos, e menção das suas orações por eles, Paulo logo começa a falar da grandeza de Cristo. Ele é O Agente de Deus na criação, Cabeça da Igreja e Reconciliador de todos por meio da cruz. Paulo fala do seu ministério e sua preocupação para com os irmãos Colossenses. No segundo capítulo Paulo vai alternando entre referências à controvérsia em Colossos e à suficiência e a supremacia de Cristo em tudo. A partir de v. 16 Paulo começa a falar especificamente sobre a causa dos erros ameaçando a fé dos Colossenses.
Colossenses 2:16-23 (ARA)
16 Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados, 17 porque tudo isso tem sido sombra das coisas que haviam de vir; porém o corpo é de Cristo. 18 Ninguém se faça árbitro contra vós outros, pretextando humildade e culto dos anjos, baseando-se em visões, enfatuado, sem motivo algum, na sua mente carnal, 19 e não retendo a cabeça, da qual todo o corpo, suprido e bem vinculado por suas juntas e ligamentos, cresce o crescimento que procede de Deus. 20 Se morrestes com Cristo para os rudimentos do mundo, por que, como se vivêsseis no mundo, vos sujeitais a ordenanças: 21 não manuseies isto, não proves aquilo, não toques aquiloutro, 22 segundo os preceitos e doutrinas dos homens? Pois que todas estas coisas, com o uso, se destroem. 23 Tais coisas, com efeito, têm aparência de sabedoria, como culto de si mesmo, e de falsa humildade, e de rigor ascético; todavia, não têm valor algum contra a sensualidade.
Colossenses 2:16-17
16 Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados, 17 porque tudo isso tem sido sombra das coisas que haviam de vir; porém o corpo é de Cristo.
Evidentemente, havia Cristãos que davam a entender no seu ensino que era necessário se abster de certas comidas e, ao mesmo tempo, começar a guardar certos dias, festas ou comemorações. A palavra chave aqui é “julgar” (“ninguém ... vos julgue”). No texto a palavra é krino (
krinw) que significa “achar falta, ou condenar”[3] (veja Rom 2:1,1: 14:3,10,13; 1 Cor 4:5; 10:29; Tiago 4:11). O problema não foi apenas pensar diferente ou ter uma outra opinião pessoal. Aparentemente, estas pessoas condenavam os Cristãos em Colossos que não guardavam estes dias e não se abstinham de alimentos como eles. O que Paulo não aceitava e chamou os Cristãos a não permitirem foi que eles fossem “julgados” ou seja condenados, por causa de algo que, em Cristo, não era questão de salvação.
Ao que tudo indica, a raiz principal do problema em Colossos foi com tradições e crenças judaicas. Possivelmente haviam outras crenças e “filosofias” de origem gnóstica ou de religiões pagãs como indicam as referências a visões e culto dos anjos (v. 18). Sabemos que a questão de se abster de certas comidas foi um dos pontos de atrito entre judeus e Cristãos (Gal 2:11-14; Veja Atos 10:9-23 a visão de Pedro, e a decisão dos líderes da igreja em Jerusalém AT 15:29). Também as datas citadas têm tudo a ver com as ordenanças da lei de Moisés.
Depois de falar sobre “comida e bebida” Paulo continua a falar sobre festas e datas especiais. Várias referências no AT indicam que esta lista se refere às festas e comemorações judaicas.
1 Crônicas 23:30-31
30 Deviam estar presentes todas as manhãs para renderem graças ao SENHOR e o louvarem; e da mesma sorte, à tarde; 31 e para cada oferecimento dos holocaustos do SENHOR, nos sábados, nas Festas da Lua Nova e nas festas fixas, perante o SENHOR, segundo o número determinado;
Oséias 2:11
“Acabarei com a sua alegria: suas festas anuais, suas luas novas, seus dias de sábado e todas as suas festas fixas.” NVI
(veja também 2 Cr. 2:4; 8:13; 31:3; Ne 10:33; Eze 45:17)
As pessoas que haviam confundido os Cristãos em Colossos também queriam impor certos dias e festas como parte obrigatória do calendário da igreja. Segundo o que podemos entender, para estas pessoas, os Cristãos teriam que seguir com rigor este novo calendário para serem considerados fiéis e aceitáveis diante de Deus.
É por isso que Paulo fala tanto na suficiência que temos em Cristo. A passagem que estamos analisando começa com uma ligação ao que Paulo falou antes (v. 16 “Ninguém, pois, vos julgue...). Antes de entrar nos pontos específicos da questão Paulo frisou a suficiência da nossa salvação em Cristo. Ele reafirmou que não há necessidade para qualquer outro meio de justificação, senão Cristo, pois em Cristo temos tudo que precisamos.
Col 2:10-13
10 Também, nele, estais aperfeiçoados. Ele é o cabeça de todo principado e potestade. 11 Nele, também fostes circuncidados, não por intermédio de mãos, mas no despojamento do corpo da carne, que é a circuncisão de Cristo, 12 tendo sido sepultados, juntamente com ele, no batismo, no qual igualmente fostes ressuscitados mediante a fé no poder de Deus que o ressuscitou dentre os mortos. 13 E a vós outros, que estáveis mortos pelas vossas transgressões e pela incircuncisão da vossa carne, vos deu vida juntamente com ele, perdoando todos os nossos delitos;
Paulo frisou também a nossa libertação da lei e conseqüentemente da necessidade de nos submeter a regras e ordenanças.
Col 2:14
“tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu-o inteiramente, encravando-o na cruz;”
Notamos que Paulo não negou que estas coisas tinham sua importância na época da lei. Mas, ele foi categórico em afirmar que já passamos da época em que as ordenanças e a lei tinham algum valor em relação à nossa aceitação diante de Deus. É isso que ele trata quando diz em v. 17
Col 2:17
"porque tudo isso tem sido sombra das coisas que haviam de vir; porém o corpo é de Cristo."
“Tudo isso” se refere às coisas como “comida e bebida, dia de festa, lua nova, e sábados” de v. 16. Paulo mostra que, embora estas coisas fizessem parte da expectativa de Deus para seu povo debaixo da lei, agora vivemos em outra época e estas coisas não pesam mais sobre nós.
A expressão “coisas que haviam de vir” não se refere a algo ainda no futuro do ponto de vista de Paulo e os Colossenses e sim dos seguidores de Deus que viviam debaixo da lei. Senão estas coisas não seriam “sombra” e sim, ainda realidade. Ou seja, as ordenanças como proibições de certas comidas ou a exigência de guardar certos dias ou datas pertenciam todos à sombra que era, sobretudo, da lei e portanto do passado. No AT isto ainda era futuro. Mas, agora, em Cristo, “as coisas que haviam de vir” já chegaram e os Cristãos em Cristo já vivem na época da realidade.
Os comentaristas divergem sobre o significado do “corpo de Cristo” aqui, mas, o sentido mais razoável é da própria Igreja e da presença real de Cristo entre nós. Paulo usa uma figura bastante comum. Como todo homem observa, há um contraste entre uma “sombra” e um “corpo”. A “sombra” traça apenas o perfil do corpo. A realidade é o próprio corpo.
O corpo de Cristo, quer seja na forma da Igreja, ou da presença do Senhor entre nós é a realidade com a qual devemos nos importar agora. Antes que o “corpo” viesse havia apenas a “sombra”, ou seja as ordenanças da lei que apontavam para Cristo. Mas, agora, temos a realidade do próprio Cristo, algo infinitamente melhor. Portanto, devemos deixar para trás as coisas da “sombra” ou seja, as ordenanças e proibições, e nos contentar e focalizar na realidade que é Cristo Jesus.